Porque os modelos de negócio maduros estão ameaçados e a ingenuidade pode ser um aliado para os negócios inovadores
Sempre que trabalho com startups tenho uma enorme satisfação em ouvir ideias e sonhos entusiasmados de negócios inovadores e de grande impacto. Mas as startups normalmente têm um importante componente adicional: a ingenuidade.
Visto que as ideias ainda estão sendo amadurecidas e testadas, há um baixo entendimento dos obstáculos que estão por vir. As hipóteses de monetização costumam ser frágeis, há problemas de regulamentação, aceitação do mercado, e muitas outras dificuldades a serem descobertas.
Surge a partir desta visão ingênua a oportunidade de criação de soluções simples, disruptivas e completamente diferentes das soluções existentes no mercado tradicional. As startups que dão certo sabem aproveitar o benefício da ingenuidade – criam novas soluções, inovam, experimentam, quebram a cara, realimentam o modelo, revisam as soluções com agilidade, evoluem e prosperam.
Enquanto isso, as empresas tradicionais já não tem mais o benefício da ingenuidade. A ingenuidade já fora superada há anos e em seu lugar há modelos mentais bem estabelecidos, cultura e valores arraigados, traumas de experiências anteriores e preconceitos. Isso gera um ambiente de aversão a riscos e dificuldade em inovar.
Além disso, elas vivem um dilema importante: como inovar sendo que posso destruir um modelo que foi construído durante anos ou décadas? A “vaca leiteira” está bem amadurecida e rendendo frutos, porque vou acabar com esta fonte de lucros a partir de uma inovação que pode falhar?
Mas enquanto as empresas tradicionais buscam equacionar este difícil dilema, o tempo passa e a concorrência digital vem cada vez com mais força e velocidade, cada vez mais ameaçadora.
Os melhores projetos em que trabalhei em empresas tradicionais eram aqueles em que o cliente buscava evolução, experimentação e aprendizado. Tivemos a oportunidade de redesenhar completamente os processos de negócio a partir da implantação de software. Isso requer coragem, mas vale a pena.
As empresas tradicionais precisam trabalhar em uma mudança cultural para assumir maiores riscos, e assim conseguirem evoluir. Ao mesmo tempo, existem formas de garantir a coexistência do modelo tradicional – com a sobrevivência das “vacas leiteiras” – e ao mesmo tempo criar novos modelos mais ágeis, inovadores e com menos aversão a riscos. Há modelos organizacionais e arquiteturas próprias para chegar lá. Abordaremos este tema nos próximos posts.
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