A inovação morreu? Três armadilhas invisíveis que sabotam iniciativas nas empresas

A inovação morreu? Três armadilhas invisíveis que sabotam iniciativas nas empresas

Mais de 80% das iniciativas de inovação corporativa não atingem o impacto esperado, segundo o Gartner. Em um cenário em que as empresas investem cada vez mais em transformação digital, essa taxa de insucesso soa como um paradoxo. Afinal, por que tantas ideias bem-intencionadas, com recursos e patrocínio de alto escalão, fracassam tão rapidamente?

Na minha atuação ao lado de grandes organizações ao longo da última década, percebo que os maiores sabotadores da inovação não são apenas tecnológicos ou financeiros — mas estruturais, culturais e, sobretudo, gerenciais. São causas silenciosas, muitas vezes subestimadas, mas que se repetem com frequência quase matemática.

Neste artigo, compartilho três dessas causas, baseadas em experiências práticas com portfólios reais de inovação que, apesar do potencial, foram interrompidos prematuramente — ou perderam relevância estratégica ao longo do tempo.

1. Falhas na gestão do portfólio de inovação

A gestão de portfólio continua sendo um dos maiores gargalos para empresas que levam a inovação a sério. A McKinsey aponta que apenas 35% das organizações afirmam ter suas iniciativas de inovação alinhadas com a estratégia corporativa. Isso revela que a maioria atua de forma fragmentada, com iniciativas desconectadas das prioridades reais do negócio.

Sem um organismo responsável por garantir esse alinhamento, o que se vê é:

  • Priorizações inconsistentes;
  • Métricas genéricas ou inadequadas;
  • Falta de processos decisórios ágeis;
  • Governança frágil ou inexistente.

O resultado? Um portfólio inchado, incoerente e repleto de “iniciativas vitrine” — aquelas que brilham em apresentações, mas não entregam valor mensurável. Se você lidera ou participa de uma agenda de inovação, vale revisitar seus critérios de priorização, a governança existente e a fluidez da tomada de decisão estratégica. A sobrevivência das iniciativas depende disso.

2. A média-liderança como elo (quase sempre) negligenciado

Muito se fala em conquistar o patrocínio da alta liderança. E, sim, isso é fundamental. Mas a prática mostra que é na média-liderança — gerências e coordenações — que se define o sucesso ou fracasso da inovação no dia a dia da organização.

Segundo a Deloitte, cerca de 70% das falhas em programas de transformação digital estão ligadas à falta de engajamento desse grupo. Quando negligenciado, esse elo:

  • Resiste silenciosamente à mudança;
  • Boicota iniciativas por falta de compreensão ou sobrecarga;
  • Prioriza demandas operacionais em detrimento da experimentação;
  • Ignora ou sabota pilotos por falta de confiança ou alinhamento.

O remédio está no relacionamento. Envolver a média-liderança desde os estágios iniciais da concepção dos projetos, ouvi-la nas janelas de priorização, dar visibilidade aos resultados e reconhecer sua participação são práticas que elevam a inovação do “silo” para a “realidade compartilhada”.

3. Comunicação fraca: o back-end esquecido da inovação

Uma ideia só tem valor quando é compreendida, apoiada e replicada. Por isso, a comunicação de inovação precisa ir além de um e-mail no lançamento do projeto ou de um slide bonito no comitê de resultados.

Pense nela como a camada invisível que dá sustentação ao ciclo completo da inovação: desde o alinhamento inicial de expectativas com stakeholders (o “back-end”) até a apresentação clara e convincente dos impactos gerados (o “front-end”).

Empresas que tratam a comunicação como uma função estratégica aceleram em até 30% a adoção de suas inovações, segundo a Forrester. Isso exige:

  • Planejamento narrativo desde o início do projeto;
  • Clareza sobre benefícios para públicos distintos;
  • Registro e divulgação de quick wins tangíveis;
  • Canais ativos de escuta e adaptação da mensagem.

Se você sente que boas ideias estão morrendo na praia, talvez não falte só tração — talvez falte tradução.

Então… a inovação morreu?

Não. Mas está em estado crítico em ambientes desestruturados, onde faltam foco, coerência e articulação entre áreas.

O momento exige uma revisão corajosa:

  • Fortaleça a governança e a estratégia do portfólio;
  • Reconheça e envolva quem executa de fato (a média-liderança);
  • E trate a comunicação como um ativo essencial, não como um acessório.

A responsabilidade não é apenas da área de Inovação. CIOs, CTOs, gerentes e líderes de negócio também têm um papel inegociável nesse cenário.

Inovação continua viva — mas precisa de novos alicerces para florescer. E você ainda está em tempo de construí-los.

Quer continuar essa conversa?

Na Overdub, ajudamos empresas a repensar suas estratégias de inovação com foco real em impacto. Se quiser trocar ideias ou entender como podemos apoiar seu desafio, entre em contato no botão do WhatsApp ao lado!

Compartilhe:

Veja também: